9 de janeiro de 2016

Projeto testa modelo de recuperação da caatinga


Pesquisadores do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Nema/Univasf) desenvolveram e testam pela primeira vez um modelo de recuperação da caatinga. O experimento, iniciado no final de 2014, apresenta resultados positivos em uma área no município de Cabrobó (PE) e, se comprovado como eficiente, será implantado em áreas impactadas pelas obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco.
O modelo de recuperação do bioma envolve o replantio de mudas, a conservação da água e a proteção das plantas dos ataques de animais da região. O processo é "simples, efetivo e de baixo custo", ideal para as condições do semiárido, afirma o coordenador do Nema, Renato Garcia, que sobrevoou o viveiro e aprovou os resultados parciais. 
Os pesquisadores plantaram, em uma área de aproximadamente 5 hectares ao lado da estação de bombeamento, mais de 5 mil mudas de 23 espécies nativas da caatinga, oriundas de matrizes resistentes à estiagem prolongada. Além disso, cerca de 2 mil árvores adultas, de 25 espécies, fornecerão sementes. 
Para driblar a escassez de chuvas e conservar a pouca água disponível, a equipe do Nema criou bacias topográficas artificiais, escavadas com máquinas pesadas e com diâmetro entre 20 e 30 metros - as águas das chuvas escorrem para a depressão, o que facilita seu acúmulo. 
Além disso, os pesquisadores montaram uma proteção contra animais comuns da região que se alimentam dessas plantas. Cercas-vivas feitas de xique-xique, espécie de cacto com espinhos de até 10 centímetros, e macambira, um tipo de bromélia com espinhos pequenos e incisivos, mantêm os animais longe do espaço de recuperação de forma mais eficiente que as cercas de arames. 
A Univasf escolheu Cabrobó para testar o modelo de recuperação da caatinga porque as obras estão avançadas, com 81% de execução física, o que torna o local adequado para o replantio. Além disso, o município dispõe de uma instalação física destinada à finalidade que havia sido utilizada pelo Exército. 
Se o trabalho for bem sucedido, ele será replicado em outros trechos da obra e será a base da recuperação da mata prevista no projeto. Além disso, o modelo fica de legado para a reabilitação de um bioma que, segundo o Ministério do Meio Ambiente, tem atualmente cerca de 50% de sua área desmatada. 

Projeto São Francisco
Gerenciado pelo Ministério da Integração Nacional (MI), o Projeto de Integração do Rio de São Francisco tem objetivo de garantir a segurança hídrica para 390 municípios no Nordeste Setentrional, onde a estiagem ocorre frequentemente, beneficiando mais de 12 milhões de habitantes.

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